Metaforia Constante de Olhos que Ouvem Vida [ou resgatam o trauma da boca calada]

23.11.07

?

Nostálgicos começos e [...]

Rivane me rouba as palavras.

10.11.07

Das oitocentas figuras que me apareceram, houve apenas uma. Uma ligeira impressão de estrutura cabia naquela face. Quedariam blocos e mais blocos de superfície e nenhum seria capaz de amontoar um apanhado de paredes. Paredes de pele, sabe?

E aquele rosto dantesco permanecia envivecendo minhas noites. Haviam erguido uma fila e nada mais fazia sentido. Procurávamos, procurávamos e não sabíamos que merda estávamos fazendo ali. Era um apiloado mesmo. Apiloadas gentes que esperavam a fiscalização.

– Não! Você, não! Próximo!

Mais uns, menos uns. Nadas mostravam diferença. Mas aquele rosto dantesco permanecia enraivecendo minhas noites. Precisávamos somente de um ator. A invenção da cabeça de um serumano pra lá de inconseqüente
precisava apenas de um.
“Materialização cubista de uma propaganda das Casas Bahia.” (Te juro! Escrito assim na porra da fichinha.)

E aí, eis que me surge à frente. O cara do rosto dantesco que permanecia anoitecendo as minhas noites. Impressionante. Na verdade devia ser cubismo, mas coube. José Jesus Salvador. Não era ator, nem consumista. Estava ali por ter errado a fila. Cabelos marrons de chuva, rosto enviezado, mãos de rastros fortes, sobrancelha queimada e boca de calo. Quem se calou toda a vida.

José não falava, não sabia, nem crediário tinha. E do fetiche do diretor, sonhado Seu Jesus – filho de nosso-senhor – se construiu.

– Pro palco meu filho, senta lá e vai contar a tua história.


O primeiro dia da Revolução

1.11.07

Samba

"Chega de tanta procura"
Cartola

E eu não vejo a hora.

Do Samba vagaroso,
o ombro desenhista
compila vagas de dança.
Silenciosa dança.

Do Pandeiro dengoso,
dedos sussuram
gravezagudos
acompanhados.

Vezum-vezoutro.

Do Parceiro carinhoso,
violão aos braços
rememorando notas,
assobio-versos.

E dias de feijoadas.
Calorosas e temperadas;
Coletivas dos instrumentos,
unidades de línguas,
'proximam.

E eu não vejo a hora.