Metaforia Constante de Olhos que Ouvem Vida [ou resgatam o trauma da boca calada]

14.6.08

Tu

Eita que é impressionante o que essa paz no coração
foi capaz de fazer com as minhas palavras.

Secou tudinho. Fugiram assim, num repente,
que eu nem consegui fisgar com os olhos.

Era um ímpeto, necessidade de grito,
que rompia feito bolha em camada alta de sopa quando a quentura do fogão avisa:

- Tá na hora de mexer.

E é um rebuliço de colher de pau
até o cheiro'hum,
sair escorrendo daquele escarcéu.

E agora, a comida mesmo queima,
arde que só,
só que fora de minha alma,
ali no lugar que deve de'ser.

O coração costumeiro não precisa mais.

Mas o povo cobra.
Raio, que cadê, moça? Já não fez mais?

E a desculpa é verdadeira:
aquela agonia de sopa que era a fonte
que engordava minhas palavras,
não serve mais. Feito criança que deixa o leite.

Agora,
tô é procurando o tutu...