Metaforia Constante de Olhos que Ouvem Vida [ou resgatam o trauma da boca calada]

28.11.08

natal

O que foi que aconteceu?
Perdi no meio do caminho a solução da vida.
Tive tudo para estar onde não estou.
Fui criada, inventada, reunida para acreditar no que não posso.

Hoje já não posso.

Não sinto. Eu minto. Fora de mim, minto.
Construo as barreiras, e as pontes construo.
Concreto festas que não existem.

Onde é que vocês estão? Onde ficaram os laços?
Tais ligações da inocência, d'um mundo um.
Quem são, vocês, pessoas da minha vida?

Hoje já não posso. E o que eu posso, me enquadra.
Continuo no quadro, agora velho, podre, reparado nos defeitos.
Sem reparo. Sem reparo de-mim.

16.11.08

Re

"Existe uma menina em mim que se recusa a morrer"
Tove Ditlevsen
em Liv Ullmann
(em Paula Constante)

Quem se porta como autor,
entende o destino frio da solidão distante de uma obra acabada.

Foi-se o tempo em que o motivo era simples, pequeno,
liberto das outras amarras. Dos outros-de-mim.

- Esse caminho não funciona. Não te entendo. Ficou uma bosta.

São tempos de nãos.
A foice dos tempos:

- Não!

Agora os olhos se voltam ao nome, à pessoa, ao meu eu mais íntimo,
ali exposto, corajoso e volátil. Frágil des'conserto.

- Tira esse sorriso e perde o direito, menina.

Estraçalhada, invisível e patética: (...) Ergo o peito teimoso, a face calejada, esfregando mãos e joelhos nos tacos do palco. Mais uma vez.

- Ainda, mais uma vez!