Metaforia Constante de Olhos que Ouvem Vida [ou resgatam o trauma da boca calada]

26.5.09

(tinha que ser um intervalo musical)

Fumando meu cigarro com as janelas da noite abertas à espreita do mágico eu procurava pelas enciclopédias maneiras que me levassem ao longe. O cheiro do incenso acesso na ponta dos meus dedos esvaía ouvindo Satie e lembrei da travessia inspiradora entre as extintas torres gêmeas (história real, tem até um filme lindo). Sonhos ardem e a vida se vai. Frágil amarga cruel. Eu queria ser mais forte e eterna. O sonho bonito que afaga me atravessa pontiagudo solitário. Há tanta coisa fora de mim que precisa ser ajeitada e eu tento e eu tento e nada sai do lugar. Ontem minha amiga francesa disse que o céu lá também é azul que a vida mudou que tudo estava tão novo que descobrira o amor e que não o deixaria jamais. O céu ali é azul-igual. E o azul, é azul também. Blê. Ela estava um pouco azul. Como eu mais. Igual e eu mais. Tentando ouvir o porquê doído. Interno. Hoje parecia dia de fazer tão claro: a dor mais humana. A dor só. Do só. Azul. Imensa. E aí a música era clara na lua.

A lua era claríssima.
E uma tosse de criança interrompeu. Intervalo de fé. E família.

20.5.09

Identificação

Tortured mind.
This has always been a conversation.
Between one me and other.


Sempre uma conversa. Nem franca, nem aberta.
- Não devemos ser tão sinceros.

Como tu me imaginas?
Como é que tu me criaste?

Um espelho das tuas ilusões?

Uma cópia mal feita dos teus mais ilustres desejos.
Um ob-jeto.

Do teu próprio eu.

E se eu me preocupar?
E se for verdadeira minha intenção de entender-te?

Mesmo que isso seja impossível.
Não pensarás jamais que será - impossível - por ti;
por causa de timesmo.
E serei eu a pecadora absoluta em tuas visões.

Serei sempre eu a egoísta,
lavradora de desejos incompartilháveis.

Serei eu a peste sugadora da tua alma.
Inumana.
Descabida.
Da pele fria e solitária.

Sem importância do que eu pense.
Se eu te vejo, se te entendo.
As coisas que te desejo. Nem o modo como eu te desejo.

Criatura isolada. Pequena e incapaz.

Antesfosse um tipo de bicho.
Talvezera um modo de monstro.

- Soas falsa!

Todos me querem errada, me cobram perfeita.
Para que seja humana.