Metaforia Constante de Olhos que Ouvem Vida [ou resgatam o trauma da boca calada]

30.3.07

Banho

- Ei, moça, me vê um trocado aí.
Eu quero sair desse lugar daqui.

Olha para os meus pés e entende.
Eu queria mesmo é ter um lugar para tomar banho.
E você não vai emprestar-me teu banheiro.
Teu refúgio de lavagem dessas máculas,
de poeira de cidade que insiste impregnar.

- Ei, moça, me vê um espaço aí.
Eu quero sair desse lugar daqui.

Olha para os meus brincos.
Olha para minha blusa cor-de-rosa.
Perceba que isso aqui não é lugar pra mim.
Eu quero me sentir bem e perfumada,
acalentada com o brilho das águas. Limpas.

- Ei, moça, me vê um abraço aí.
Eu quero sair desse lugar daqui.

Olha para o meu eu.
Transponha essas grades que nos separam.
Experimenta a vida do meu lado e luta comigo.
Estamos sendo tragados.
Exterminados internamente do lado de fora.

- Ei, moça,
me vê.
Eu quero sair.

0 diz pra mim, diz

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