Metaforia Constante de Olhos que Ouvem Vida [ou resgatam o trauma da boca calada]

18.3.07

Presente

De uma terra chuvosa, em algum dia de começo de ano de um ano que começou antes do que devia.

Caro,

começo esta carta te contando as últimas novas. A vida simples por aqui traz-me certezas que antes não ousava tomar como certas. Aquelas idéias que se relacionavam com disposições, tempos e momentos eram realmente plausíveis. Intuídas por certo. Iniciaram-se em terreno arenoso, etéreo e profundo e vieram a fundar-se geologicamente na vida pacata que este novo horizonte me abre. Tinhas razão quando disseste da intensidade dos detalhes, do pulso ouvido, dos sentidos tocados. Beijados. Indeclaradas horas a fio. Tomo aqueles proseios como leitura diária e diuturna que inspiram as artes produzidas. Artes prescritas. Ontem mesmo, conversava com uma amiga. Contávamos momentos passados, ríamos com bobagens de vidas divididas. Sentíamos o passar do tempo marcando uma existência. Observávamos juntas as credulidades a que nos sucumbimos. A construção de um novo pensar. As decisões que tomamos. A liberdade adquirida a duras penas. Lembrei tanto de ti. Lembrei da maneira como nos conhecemos. Senti mais uma vez tua presença... Queria saber como andam as coisas por aí.

Me despeço, por ora. Me aqueço contigo no mundo do infinito. E não te digo o que sinto porque assim combinamos. Sei que o tempo é relativo. E que em breve, muito breve, estaremos juntos de outro modo que o de agora.

Maria
Mariposa

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