Sapatos Masculinos
Sentava à beira da cama.
Mal sabia se o que acontecia
ainda era sonho ou brincadeira.
Ouvia longe a música do vizinho.
Aquele apartamento de centro,
de barulhos coletivos.
Tentava entender o que passava.
Ainda lembrava aquele beijo.
Me sentia impregnada do teu jeito.
Mas resquícios ali não havia.
Eu tinha te visto. Te conversado.
E nós tínhamos vivido.
Mas eu não sei quem você era.
Não tinha teu nome nem endereço.
O que tinha era o teu cheiro.
E os lençóis tinham as marcas.
(Podiam ser as minhas de hoje
ou de ontem as minhas)
Mas os sapatos...
Ah, os teus sapatos.
Quem é você?
Mistura de um e de outro,
nenhum e nem outro.
Ainda não te conheço.
Mas já os tenho teus sapatos.
Devidamente largados,
ao pé da minha cama de marcas,
no apartamento do centro,
esperando seu dono.
0 diz pra mim, diz
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