Metaforia Constante de Olhos que Ouvem Vida [ou resgatam o trauma da boca calada]

3.9.07

Sapatos Masculinos

Sentava à beira da cama.
Mal sabia se o que acontecia
ainda era sonho ou brincadeira.

Ouvia longe a música do vizinho.
Aquele apartamento de centro,
de barulhos coletivos.

Tentava entender o que passava.
Ainda lembrava aquele beijo.
Me sentia impregnada do teu jeito.

Mas resquícios ali não havia.
Eu tinha te visto. Te conversado.
E nós tínhamos vivido.

Mas eu não sei quem você era.
Não tinha teu nome nem endereço.
O que tinha era o teu cheiro.

E os lençóis tinham as marcas.
(Podiam ser as minhas de hoje
ou de ontem as minhas)

Mas os sapatos...
Ah, os teus sapatos.

Quem é você?
Mistura de um e de outro,
nenhum e nem outro.

Ainda não te conheço.

Mas já os tenho teus sapatos.
Devidamente largados,
ao pé da minha cama de marcas,
no apartamento do centro,
esperando seu dono.

0 diz pra mim, diz

Postar um comentário

<< Home