Metaforia Constante de Olhos que Ouvem Vida [ou resgatam o trauma da boca calada]

8.8.06

Exercício 2

(da vontade imensa de falar e não ser ouvida)

Infeliz daquele que não está.

Eu vi um velhinho em frente um poste,
O poste, na esquina,
esperava estático
aquele que não está.

Era o poste.
Sim o mesmo poste
que esperava estático
aquele que não está.

O velhinho em frente o poste
esperava o carro atravessar.

E por detrás do velhinho
uma velhinha ainda
mais velhinha que já está.

Ela era tão velhinha
que não mais
podia não estar.
Andava atrás do velho
por que de esperar
havia morrido de morte assaz.

Ela, em desespero acalmado,
se movia com a permissão
do podre corpo.

Ela, em velocidade constante
Porque até aquela pequena
aceleridade
podia matar.


E o poste,
a velha e o velho,
o carro,

se põem a esperar.


Isso tudo para inventar o simples do nada. Eu vi de fato o velho. E a velha. O poste não estava lá. E a velha, atrás do velhinho, foi o breve da cena única externa do dia. Foi para falar assim do nada e permitir mãos ávidas e soltas em doutrina de mente livre. Sempre livre. Em fluidez "amonstrual". Porque o dia foi assim hoje.

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