Metaforia Constante de Olhos que Ouvem Vida [ou resgatam o trauma da boca calada]

16.11.06

Rotina

Seis caixinhas no primeiro.
Empilham-se até chegar mais perto de deus.
Em cada caixa,
uma especialidade.
Única.
Não,
às vezes repetida.
Até que se pensando,
muitas vezes.

Cada caixa, dois espaços.
Espaço de ficar,
espaço de receber.

Luzes apagadas no segundo,
porque não há ninguém.

Alguém sozinho no primeiro,
que do sexto,
ouve risos ecoados do segundo espaço da caixa do lado.

Risos esparsos que parecem despretensos.
Alguém espera.

E depois se vai.

Os risos somem.
Se consomem e acabam.

O sozinho, que também podem ser os,
abafa o riso, porque não tem porquê.

Fica ali, tiquetaqueando as teclas barulhentas do seu teclado
velho.
Ouvindo os risos que não quer dar.

Amaldiçoando o silêncio
que sua nuca insiste em carregar.

Está ficando com torcicolo.

Não vê a hora de ir para casa.
E contar o preço que aquela
dor pôde trazer.

Não é muito não.

Mas talvez seja suficiente para voar.

E sair pra longe da caixa preta
que não guarda mais nenhum sorriso
e nenhuma história derradeira.
Está retrocedida aguardando
o silêncio da próxima rotina que irá devorar.

0 diz pra mim, diz

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