Metaforia Constante de Olhos que Ouvem Vida [ou resgatam o trauma da boca calada]

27.12.07

Recorrência ou Feliz Ano Novo

Amélia resolveu reencantar-se de notícias anteriores. Sentou-se à beira do sofá de couro e abriu caixas e caixas repletas de imagens impressas. A força dos momentos inanimados. Retidos na película delicada de um pedaço de papel. Um pedaço de nada. Pé-de-instante. Foram sorrisos marcados, olhares pousados, suspiros suspensos nas retinas de máquinas sensíveis. Óculos mecânicos.

Das estórias, nada se podia ouvir. Apesar de alguma história ter-lhe sido contada.

Amélia era meio-visita. Era de-casa, porque da família. Era de-longe, porque de outro estado. Visita, porque sua cara, não recorria. Era, em algumas caixas, visível.

Os rostos, que não lhe eram estranhos, causavam pensares. De alguma maneira, sugeriam parecências. Pertencimento. Imagens que a imaginavam. Capacidade lúdica de imagens imaginarem Amélia. Amélia que imaginara. Regina, que imaginara. Maria, que imaginara. Sandra, que imaginara. Mara.

Mulheres. Rostos de mulheres impressos seguindo pelo tempo. Tempo, insistidor de rumos. Frutos, marcadores de rumos. Humos. Nutridor do tempo.

Recortado.

Registro dos intervalos dos piscares dos olhos atentos, retirantes, pedidores, acalmados.

Tempos. Das mulheres, das meninas, das sobrinhas, femininas. Uterinas das estórias. Geradoras.

Amélia fechara as caixas. Abriria novo ano.

1 diz pra mim, diz

Anonymous Anônimo disse...

muito lindo! perfeito!

16:15

 

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