Fernanda e Benjamim
FERNANDA (em delírio)
Deixai-me passar.
Prevalecem tuas vontades,
Mas não me comandas.
Não tens a habilidade.
Faltam-te as manhas.
.
(perdido e a negar) BENJAMIM
Exijas-te mais.
Não me machuque.
Apenas esqueças.
.
FERNANDA (em ira)
Tu não pertences.
Não te meta no mundo
do qual não recebestes convite.
(e para si diz)
Se assim viverei em paz,
o rechaço é caminho.
o rechaço é caminho.
.
(infeliz) BENJAMIM
Te ouço distante,
Não te vejo sorrir.
Te sinto a falta.
Mas a ti,
Não te vejo sorrir.
Te sinto a falta.
Mas a ti,
não consigo sentir.
Onde foi que te esquecestes a ti mesma?
.
.
FERNANDA (vazia e determinada)
Te determino:
Dá-me licença!
Eu preciso seguir,
e tua prisão não permite.
Estejas longe de mim.
(e para si diz)
Por mais que a tua falta
Estejas longe de mim.
(e para si diz)
Por mais que a tua falta
seja minha convalescença.
.
.
NARRADOR
Da arte de narrar a dor,
Se diz em preciso momento,
Em exagero incolor,
Que o mais poderoso tormento
Só trará desconforto.
Só trará desalento.
E jamais será justo ao amor.
Se na doce Fernanda
Não se vê mais verdade,
Doente, não canta,
Não anda não chora nem arde.
É morta e não crê,
É presa nas grades.
Indiferente e enferma,
maltrata-te.
Pacífico sensível Benjamim.
Revoltado entristecido Benjamim.
Terno, carinhoso e perdido Benjamim.
Tu sofres Benjamim.
E perdoa Benjamim.
Realenta o coração, reaviva.
Beija, beija.
.
.
FERNANDA
Benjamim
Benjamim
0 diz pra mim, diz
Postar um comentário
<< Home