Metaforia Constante de Olhos que Ouvem Vida [ou resgatam o trauma da boca calada]

17.1.07

Alegrias em frases soltas

Aos ventos e ao chuvisco, o caminho pela cidade é complementado. Passeios entre postes e avenidas. Flagro o cachorro envelhecido e a sombra mimetizada de uma árvore ao pôr-do-sol. Mas era dia. Dia sem sol. Dia de garoa fina. Dia de alegrias. As prisões do dia. Obrigações tardias. Em um momento enrijecido, em outro leve e frouxo, o pensamento se multiplica para abraçar todas as frentes que a imaginação inventou. O flerte assassinado deixa de acompanhar. Questões eternas que passam a brilhar. Pululam de vento em popa como se fossem gotas excitadas pelo bater do barco. O barco ao mar. Mas o mar já não existe. O mar só é lembrança. E de água resta a chuva restam garrafas para molhar as pedras que ficam mais lindas mais transparentes mais pedras mais verdadeiras ao luar. E a cidade grita. Os martelos avisam.

- Há pessoas.

Há questões. Solicitam-me. A todo o tempo. Um tanto-quanto. Um tão que denuncia. Meu estar. Meu ser-em-maneiras. Uma maneira-de-estar. E é assim que permaneço. Em verbos de ligações que não ligam jamais. Estou desligada. Desconectada. Esquecida. Esquecida de como é. Cansada de como deve ser. E levemente alegre. De certa presença. Presença presente de todo dia. Conquista do todo. Conquista da crença. É possível. É passível. Aquele impossível que já passou.

0 diz pra mim, diz

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