Metaforia Constante de Olhos que Ouvem Vida [ou resgatam o trauma da boca calada]

21.11.05

A arte

Fazer arte de uma vida sem nexo.
Fazer arte de uma vida sem fluxo.
Fazer arte para vidas em anexo.

Fazer arte para vidas sem sexo.
Fazer arte por um simples puto.
Fazer arte-inseticida.


E da arte, fazer a vida.

Ela encontrou pessoas interessantes.
Perguntada num desses questionários escancarados,

respondeu que tinha por paixão as histórias de pessoas interessantes.
E é verdade que conhecer a história das vidas dessas pessoas é algo que ela gosta. Seu tipo predileto é a biografia. Tem adoração por livros biográficos de pessoas interessantes.
Mas, quase sempre, são as estórias que ela conhece. Usando da genialidade de um escritor que inovou nosso dicionário com o simples, são as Estórias que ela conhece. Apenas algumas estórias de suas vidas. Alguns causos. Ora engraçados, ora desinteressados. E assim vai encaixando pecinhas na sua cabeça. Quebrada. Peças de um quebra-cabeças infinito: a realidade. A realidade humana.
Ela tem fixação por estórias, histórias, modos de ver a vida. Modos de sentir a vida. É como se fosse juntando pedaços para uma grande colcha de retalhos. Com vidas que não são somente a sua. São dos outros. E são interessantes. E são diferentes. E são ricas, muito ricas.
Talvez um dia escreva uma colcha.

18.11.05



Comidas, idéias e feijões.

E têm esse costume. Encontram-se de tempos em tempos para conversar, comer um pouco e trocar idéias. A feminilidade do compartilhamento. Na época das avós isso já era uma prática comum, diziam. A hora do chá. Reuniões quinzenais nas casas de cada uma, normalmente da vizinhança, que era, dentre muitas outras coisas, algo que possuíam em comum.
Hoje, são individuais. São os seus relógios que clamam a pontualidade. Uma grande diferença. Só que a raiz se mantém.
Inventaram isso há alguns anos atrás. E as conversas mudaram de travesseiros para brigadeiros. De pães de queijo para pizzas de tomate e brócolis, porque é mais prático. E depois da pizza, os feijões desta vida. Sentem-se acolhidas nesse mundo cheio de dúvidas e de individualidades. Geniais. Com todas as suas diferenças, são agora mulheres. E mais do que nunca meninas, que estarão ligadas pra sempre. Com um laço forte que as faz irmãs. E tias.



Amo vocês.

16.11.05


Canto a música que em mim canta.
Danço o corpo que alguém me deu.

Retorço a alma e a consciência alva de um cérebro preso.
Escuro e confuso.

Choro. Meu corpo chora.
Minha música ora.

Eu grito e não sei. Não sei por onde caminhar.
Maldito seja.

Enquanto reclamar, não saberei o caminho.
Reclamo este saber infinito para o agora.

E esperar é a chave?
O que será do amanhã se de nada o hoje foi?

Como? Qual é o sentido?
Qual é o senso?
Eu clamo.
Eu peço.
Caminho.

E prometerei que não choro mais.

12.11.05

Sobre o perdão

Estive refletindo estes últimos dias. Por isso a ausência de postagens. Na verdade, nunca tive muito definido o espaço de tempo entre um post e outro. Ainda estou me habituando a esta idéia de deixar expostas idéias tão minhas. Sempre tenho muito cuidado ao escrever alguma coisa. Mas quer saber? Não estou muito longe do que sou quando venho deixar minhas observações. Sou mais ou menos isso. Nem sempre isso, nem sempre aquilo. Mas deixemos de lado esta auto-análise.

O que vim aqui pensar um pouco foi sobre o perdão. Uma palavra esquisita que me faz pensar logo na imagem de um padre e a nave de uma igreja ostensiva. Arrepios.
Não perdão no senso comum. Mas no senso mais profundo da palavra. Por alguns acontecimentos e experiências recém vividas. Estava tudo ali na minha cara, e tão difícil de enxergar. O que entendi assim, num relance, foi a idéia do perdão próprio... Reclamar, culpar, cobrar é tão fácil e tão difícil ao mesmo tempo. Descobri que quando faço isso pra mim, faço pros outros. E aí é complicado. Porque com qualquer pessoa pode machucar muito, mas tem pessoas que é pior. E é ruim pra mim também. E as minhas decisões, os meus pensamentos e principalmente minhas ações são reflexos bastante brilhantes do que sou, de fato, pracomigo mesma.


E aí descobri isso. Perdão. Uma palavra feia e pesada, mas que tem um sentido tão forte quando realmente vista por um prisma de mais verdade...