Metaforia Constante de Olhos que Ouvem Vida [ou resgatam o trauma da boca calada]

22.8.06

Da necessidade - uma obstinação

Faz tanto tempo que estou preso neste labirinto, que não sei mais sobre o que devo falar. Fico minutos antes pensando em um assunto que me interesse.
Fico imaginando qual maneira mais interessante para falar sobre aquilo que ainda não sei. É um processo instigante, cuja criação não pressinto, nem imagino, até que meus dedos tocam letras e essas letras cantam as palavras que devo conjugar. E quando é só som, é exercício.

Em frente à janela, me sento em busca de luz, para absorver novos conhecimentos de textos antigos que me inspirem futuro. Me concentro na velocidade que me é justa, que me é verdadeira, e me ponho a viajar. Mentes brilhantes que inspiram o presente. Às voltas com a solidão, que agora me acompanha e me fait plaisir, me proponho novos caminhos. Descobertas. Its a pleasent journey folowed by the sound of the bloody television. Its a moisture of different feelings. Ansiedades e controles são momentos.

Et voilá, la perspectiva.

Quem é que sabe?

O trânsito - exercício 3

Poderia me colocar a descrever o gramático desta expressão.

Como poderia,
o sintético.

Também o sintático.
O simétrico.
O antônimo.
O significante.
O parente,
a origem.

A função.
O processo.
A cinética.
O simpático.
O atônito.

A semântica.
É idêntico.
Romântico.
Hiper-ativo.
Super-fantástico.
Um bolão mágico.

Mas nem era disso que eu ia falar.

20.8.06

Do profundo

O exercício ligeiro,
Daquela alma atordoada,
que agora calma,
se põe a amar,
a viver,
e a mostrar,
todo o medo,
que sente de si mesma.

Está segura no castelo resguardado,
protegido,
estampado com carimbo,
que ninguém mais vê.

Está em linha.
Parada.
Em respeito. Aguardando a travessia.


- Walk. Don't walk. Walk. Don't walk.


Vive agora a própria solidão.
Dança o dia todo.
Não tem hora.
Está fora,
Não ora.
Ora,
foi.






Foto de Éder Faioli (emprestada do site
cuja aparição se deu após a consulta ao
grande e poderoso oráculo:
Gùh-gohl
Ave!)

Seqüência

A mulher perfeita.
Dos lábios carnudos.
Dos braços firmes,
Da arma empunhada.

Aquela que roubou o marido,
que rouba a cena.
Que é perfeita e ensina.
É boneca que traz ao mundo a imagem.

"Vale mais que mil palavras"

De como deve ser a perfeita mulher.
Aquela que se faz de sonsa
e rouba lugar na fila,
dizendo que não sabia,
que não devia ser.

Mas reconhece o erro,
e manobra por um fio,
a ultra-passagem daquele que clama sua posição.

Coitado, mais um crente que crê.
Tem aquele tercinho estampado na traseira branca
de sua caixinha motorizada.

E o guarda se diverte...

Da Capacidade

Ouvi falar do céu.
Ouvi dizer que olhas para ele.
Que busca a poesia das estrelas que te falam,
Que te sorriem.

És um romântico incurável,
Um possuidor de encantos,
Um profano adorador de fartas promessas.

Escreves-me cartas que nunca leio.
Não consigo ouvir-te.
Não consigo achar-te,
Em meio às tempestades tranlúcidas,
que figuram teus lábios nos meus.

Faze de mim teu palco.
Faze de mim tua glória.

Eu sou para ti mais um número.
Mais um contento.

E agora mais livre,
me vejo incapaz.
Porque da tua existência,
não posso mais imaginar.

14.8.06

Oração a P.H. Neve

Tenho algo explodindo dentro de mim.
Quero liberdade.

Fora pêlos encravados!
Fora prisão de ventre!
Fora idéias encarnadas!
Fora batidas cardíacas perscrutadas!
Fora a presciência!

Fora!

Botas tudo fora o que há de preso dentro de ti!

Florais de Bah! Bah, que eu te quero agora!
Liberas meus dejetos.

Liberas meus projetos!

Liberas para o mundo ver.
Apertas a descarga e deixa fluido o que deve ser.

12.8.06

Eu sabia...

Como que de um jeito desavisado.
Como uma previsão certeira.

Eu te disse que já sabia.

Não gosto disso, mas já disse que já sabia.
Eu pressinto, e já sei. Na hora não gosto.
Mas depois me divirto.

E feliz fico com a certeza que tive.
E com os passos acertados.
Sofrimento é certo,
mas arrependimento não mata.

Ao menos não a mim. Que até hoje,
sei o que fiz, porque fiz e como fiz.

Eu fiz. E com isso me contento.

Mas agora, não sei pra mim.
Estou aqui e espero. Porque o hoje não é problema.

O hoje, é construção.
O amanhã, é construção.
E o caminho, eu demoro a escutar,

Procuro ficar em silêncio.
Em minha gruta solitária,
Pela primeira vez,

Para ouvir o silêncio tic tac
do meu falante coração.

Presta atenção!
Tá tudo lá.

E já agora, não tenho pressa.
Que horas são?

- Tá cedo...

8.8.06

Exercício 2

(da vontade imensa de falar e não ser ouvida)

Infeliz daquele que não está.

Eu vi um velhinho em frente um poste,
O poste, na esquina,
esperava estático
aquele que não está.

Era o poste.
Sim o mesmo poste
que esperava estático
aquele que não está.

O velhinho em frente o poste
esperava o carro atravessar.

E por detrás do velhinho
uma velhinha ainda
mais velhinha que já está.

Ela era tão velhinha
que não mais
podia não estar.
Andava atrás do velho
por que de esperar
havia morrido de morte assaz.

Ela, em desespero acalmado,
se movia com a permissão
do podre corpo.

Ela, em velocidade constante
Porque até aquela pequena
aceleridade
podia matar.


E o poste,
a velha e o velho,
o carro,

se põem a esperar.


Isso tudo para inventar o simples do nada. Eu vi de fato o velho. E a velha. O poste não estava lá. E a velha, atrás do velhinho, foi o breve da cena única externa do dia. Foi para falar assim do nada e permitir mãos ávidas e soltas em doutrina de mente livre. Sempre livre. Em fluidez "amonstrual". Porque o dia foi assim hoje.